Vítima




*Personagem fictício/ Maria Antonieta é uma personificação das trabalhadoras que sofrem com o assédio moral/ Sua história foi baseada no processo 0000294-57.2012.5.04.0014

   Eu sou Maria Antonieta, tenho 30 anos e possuo baixa autoestima e depressão, cicatrizes psicológicas deixadas pelo assédio moral que sofri. Criei esse blog no intuito de disponibilizar informações a outros trabalhadores para que não passem pelas humilhações que passei no tempo que trabalhei em uma recuperadora de crédito. Sofri assédio moral por parte da gerente desde o instante que a empresa descobriu que eu estava grávida. O assédio era constante e cada dia isso ia me desgastando e me desestabilizando psicologicamente.

   Em um período avançado de gestação, meus pés inchavam constantemente me fazendo sentir dificuldades para andar. A gerente passou a se irritar com o barulho que eu fazia ao andar e começou a me ameaçar: caso ouvisse o som das minhas sandálias arrastando no chão ela iria me agredir. Chegava a me ameaçar na frente de minhas colegas e dos clientes. Até mesmo com o meu jeito de sentar a gerente implicava! Em virtude da gestação eu precisava de uma cadeira diferente. Cansei de ouvir palavras rudes e ameaças saindo da boca da gerente. Frases como: "vou mandar pessoas que já não gostam de ti te pegar", tornaram-se mais frequentes.

   Os xingamentos e ameaças tinham o objetivo de forçar o meu pedido de demissão, ausentando assim, a obrigação que a empresa possui quanto à estabilidade para empregadas que estão grávidas. Eles tiveram sucesso nessa ambição, fora me recomendado que eu me afastasse por oito dias e recebesse um acompanhamento psicológico. Demorei um bom tempo para processar a recuperadora de crédito, pois a todo o momento eu era lembrada de que as ações trabalhistas eram tidas como troféus pela empresa e que mais uma não faria diferença. Ou seja, eu seria mais uma a ser vencida pela empresa. A decisão foi desfavorável em primeira instância, mas graças a Deus, a meu advogado e ao depoimento de duas testemunhas foi comprovada a prática do assédio e reconhecida a rescisão indireta. Recebi uma indenização por danos morais no valor de R$5 mil. Apesar de ter ganhado a causa e a indenização, não me sinto realizada, afinal as ameaças e marcas do assédio moral continuaram gravadas em mim pelo resto da minha vida.